Estudo compara atuação de Manaus no enfrentamento da Gripe Espanhola e da Covid-19

Agosto 12, 2021
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Criado por Rodrigo Nassif em qui, 12/08/2021 - 12:11 | Editado por Lígia Souza há 2 horas.


Com: 

Rondon Marques

Pesquisadores realizaram estudo comparativo da suscetibilidade da cidade de Manaus (AM) em dois momentos pandêmicos distintos, no intervalo de um século: o primeiro, durante a Gripe Espanhola, e o segundo, durante a pandemia de SARS-CoV-2. O artigo traz à tona políticas públicas adotadas no enfrentamento às epidemias.

 

A vulnerabilidade sanitária e os problemas políticos de 1918 se repetem na atualidade. No século passado, Manaus encontrava-se extremamente vulnerável do ponto de vista sanitário, o que ocasionou um colapso do sistema de saúde, levando 10% da população a óbito em quatro meses. Naquele período, a falta de informação (ocultada pela propaganda de guerra) e o negacionismo político teriam ocasionado uma segunda onda da doença ainda mais letal. Atualmente, a história se repete e a Covid-19 leva a óbito mais de meio milhão de brasileiros, que correspondem a mais de 0,25% da sua população, de cerca de 210 milhões.

 

O estudo aponta inúmeras irregularidades cometidas e adversidades enfrentadas pelo poder político em relação às medidas sanitárias. Além disso, revela dados que indicam o impacto da adesão ou não às medidas de distanciamento social, evidenciando que, em casos como o de Manaus, mais recentemente, quando há pouca ou nenhuma restrição à circulação de pessoas, a propagação da doença tende a ser mais longa do que a estimada, podendo alcançar 700 dias.

 

O padrão negacionista atual, semelhante ao anterior, teria feito com que famílias e jovens não estivessem dispostos a se isolar durante as comemorações do Natal e do ano Ano Novo em 2020. Em Manaus, o pior colapso da saúde pública aconteceu exatamente duas semanas após as comemorações do Réveillon. Isso também coincidiu com o surgimento de uma nova cepa mais virulenta do SARS-CoV-2 de forma isolada no estado do Amazonas, a Gama. Desde então, o número diário de casos encontra-se acima da média, quando comparado a todo o período pandêmico anterior, e tem sido relatado um crescente número de hospitalizações de pacientes menores de 60 anos.

 

As mutações nas cepas podem surgir se um grande número de hospedeiros suscetíveis for constantemente disponibilizado durante o surgimento de uma doença, conforme previsto cientificamente. Negligenciar o distanciamento social, em meio a uma pandemia, pode ser a força motriz para o aumento das taxas de mortalidade, favorecendo cepas mais letais ou mais transmissíveis, antes mesmo do surgimento de cepas que tenham alta transmissibilidade com baixa letalidade.

 

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